Haffkine, um pioneiro esquecido - Artigo do Dr. Guido Carlos Levi - Revista Imunizações (SBIm)

CEDIPI Compartilha: A Revista Imunizações, publicação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), publicou artigo do Dr. Guido Carlos Levi, médico da CEDIPI, sobre a história de Waldemar Haffkine, biólogo e médico pioneiro na busca de uma vacina preventiva contra o cólera.

Haffkine, um pioneiro esquecido
por Dr. Guido Carlos Levi
Médico Infectologista. Membro da CPAI-SP.
Ex-diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Waldemar Mordechai Wolff Haffkine, nascido como Vladimir Aaronovich Mordecai Wolf Chavkin, veio ao mundo em 15 de março de 1860, em Odessa, na época parte do Império Russo, hoje parte da Ucrânia, quarto dos cinco filhos de um casal de judeus, Aron e Rosalie. Estudou em Odessa, Berdyansk e São Petersburgo. Integrou a Liga Judaica de Autodefesa, tendo sido preso ao defender um garoto judeu num pogrom.

Libertado graças à intervenção do biólogo Ilya Mechnikov, foi com este trabalhar após se formar em zoologia na Universidade Nacional de Odessa. Iniciou suas atividades profissionais como biólogo, porém, após se formarem medicina em Genebra, passou a se dedicar à microbiologia. Emigrou
para a França, solicitando ingresso no Instituto Pasteur de Paris. Contudo, foi admitido como bibliotecário. Mesmo neste cargo, conseguiu trabalhar em pesquisa.

Com a eclosão de epidemias de cólera afetando a Europa e Ásia, e com a descoberta do Vibrio cholerae por Robert Koch em 1883, Haffkine dedicou-se à procura de uma vacina preventiva para o cólera. Após 39 passagens da bactéria na cavidade peritoneal de cobaias, produziu uma forma de cultura posteriormente atenuada pelo calor, a ser inoculada em duas injeções com intervalo de uma semana. Chamou a primeira de ‘exaltada’ e a segunda de ‘atenuada’, e procedeu a testes com a inoculação da atenuada seguida, após algum tempo, da exaltada. Por ter demonstrado resultados promissores em cobaias, pesquisou seu efeito em coelhos e pombos e, como observou proteção para a forma letal da doença, considerou chegado o momento de iniciar testes em humanos.

Fonte: Revista Imunizações (https://sbim.org.br/images/revistas/revista-imuniz-sbim-v15-n1-2022.pdf)